A Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) estabeleceu um protocolo de cooperação com a Kanimambo, para apoiar pessoas com albinismo em Moçambique. No âmbito da missão de dermatologia da Kanimambo, os dermatologistas, Dr. César Martins e Dr. Ricardo Vieira examinaram e trataram doenças e cancros de pele no Hospital Central de Maputo e no Hospital Central de Nampula, tendo contribuído igualmente para estimular a motivação local.
O prof. Doutor Miguel Peres Correia, presidente da SPDV, foi convidado para a “Edição da Manhã” da SIC Notícias, onde realçou a realidade preocupante das pessoas com albinismo em Moçambique, que para além do sofrimento associado à doença – que conduz à perda de visão e morte precoce por cancro de pele – são alvo de discriminação e perseguição, em especial em zonas onde ainda perduram mitos perversos, que associam os corpos de pessoas com albinismo a propriedades mágicas. Estima-se que, só no norte de Moçambique, haja 20.000 a 30.000 pessoas com albinismo.
Questionado sobre se esta situação resultaria da falta de informação, o prof. Doutor Miguel Peres Correia referiu que mais do que falta de informação, o problema resulta da falta de consciencialização da sociedade. Nesta perspectiva, considera que a acção da Kanimambo para a mudança de mentalidades é tão ou mais relevante que o auxílio médico prestado.
Acerca da formação de profissionais em Moçambique, afirmou que embora esta seja razoável, o número de médicos dermatologias é insuficiente – menos de vinte, comparativamente com Portugal, que tem quatrocentos e cinquenta. Sobre o tratamento das pessoas com albinismo, apontou como maior dificuldade a falta de procura de tratamento por parte dos doentes, pois tendem a esconderem-se para fugir da perseguição de que são alvo, e porque sabem que recorrentemente faltam os recursos para o tratamento. Este aspecto adquire particular gravidade porque o tratamento evitaria a morte, se tivesse ocorrido atempadamente.
A missão de dermatologia foi o primeiro passo desta colaboração entre a SPDV e a Kanimambo. Seguir-se-á um ponto-de-situação, onde se irá refletir sobre esta missão e elaborar uma estratégia para o futuro que contemple tratamento médico e consciencialização.
Comments